Ecovila é um modelo de assentamento humano sustentável. São comunidades urbanas ou rurais de pessoas que tem a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável.
Para alcançar este objetivo, as ecovilas incluem em sua organização muitas práticas como:
- Produção local e orgânica de alimentos;
- Utilização de sistemas de energias renováveis;
- Utilização de material de baixo impacto ambiental nas construções (bioconstrução ou arquitetura sustentável);
- Criação de esquemas de apoio social e familiar;
- Diversidade cultural e espiritual;
- Economia solidária, cooperativismo e rede de trocas;
- Educação transdisciplinar e holística;
- Sistema de Saúde integral e preventivo;
- Preservação e manejo de ecossistemas locais;
- Comunicação e ativismo global e local.
Ao longo de milhares de anos a humanidade viveu em comunidades sustentáveis, em contato íntimo com a natureza, desenvolvendo uma gigantesca diversidade cultural, onde em geral imperava uma estrutura social de apoio mútuo e cooperação.
O evento da sociedade patriarcal e guerreira é bastante recente (16.000 anos) [1], mas tem causado um grande impacto no planeta. Enquanto isso as sociedades tradicionais lutam por sobreviver.
Neste contexto as ecovilas surgem como modelos alternativos ao padrão insustentável das sociedades modernas, incorporando os antigos conhecimentos com a moderna ciência e filosofia.
De acordo com um número crescente de cientistas, teremos que aprender a viver de forma sustentável, se quisermos sobreviver como espécie.
Os modelos de sustentabilidade desenvolvidos ao longo de mais de 40 anos pelas milhares de ecovilas ao redor do mundo formam um grande banco de dados de soluções aos atuais problemas da humanidade e fonte de riquíssimas experiências que podem ajudar a reconectar as pessoas à Terra numa forma que permita o bem estar de todas as formas de vida e futuras gerações.
Os defensores das ecovilas afirmam que o ser humano é capaz de criar uma vida cheia de amor e sentido. E essa seria a parte central numa ecovila, sua vida social, cultural e espiritual. Segundo eles, os seres humanos são seres sociais e amorosos por natureza, apesar de a cultura ocidental moderna valorizar em excesso o indivilualismo, a competição, a violência, o poder, o controle, a desconfiança e a apropriação. Reconectar os seres humanos a sua natureza significaria barrar estes valores, limpando esta carga cultural, e colocando a cooperação, o amor, o respeito, a transparência, a solidariedade e a confiança novamente no centro de suas vidas.
Em 1998, as ecovilas foram nomeadas oficialmente na lista da ONU das 100 melhores práticas para o desenvolvimento sustentável, como modelos excelentes de vida sustentável. Elas surgem de acordo com as características de suas próprias bio-regiões e englobam tipicamente quatro dimensões: a social, a ecológica, a cultural e a espiritual, combinadas numa abordagem que estimula o desenvolvimento comunitário e pessoal.
Numa Ecovila, EcoAldeia, EcoComunidade, está a celebração da diversidade cultural, espiritual e ecológica e o impulso para se recriar comunidades humanas em que as pessoas possam redescobrir as relações saudáveis e sustentáveis consigo mesmas, a sociedade e a Terra. O modelo de ecovila tem proposto soluções viáveis para erradicação da pobreza e da degradação do meio-ambiente e combina um contexto de apoio sócio-cultural com um estilo de vida de baixo impacto.
O cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, usou pela primeira vez este termo para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O que é sustentado numa ecovila não é o crescimento econômico ou o desenvolvimento, mas toda a rede de vida da qual depende nossa sobrevivência futura de longo prazo. Uma ecovila é programada de tal maneira que os negócios, as estruturas físicas e tecnológicas não interfiram com a habilidade inerente à natureza de manter a vida.
Um dos princípios fundamentais do modelo é não tirar da Terra mais do que podemos devolver à ela. E assim fazendo, potencialmente, a comunidade pode continuar indefinidamente. Um dos conceitos utilizados nas ecovilas é o da permacultura, que é um sistema de design sustentável.
A implementação das ecovilas envolve um esforço das bases, de baixo para cima, mais do que a abordagem de cima para baixo.
Cada ecovila dentro do seu próprio contexto cultural e ambiental, busca e demonstra soluções locais, usando tecnologias apropriadas, materiais locais, know-how local e antes de tudo oferecendo soluções compatíveis e acessíveis a todos.
O conceito de ecovila tem sido promovido e implementado por grupos espalhados pelo planeta, muitas vezes com recursos limitados e mínimo apoio institucional ou governamental. Estes grupos demonstram exemplos viáveis de vida auto-sustentada, modelos positivos traduzidos em realidade, para que outros grupos e indivíduos possam aprender, e inspirar-se onde o sucesso já foi alcançado.
Essa é a missão do movimento das ecovilas: explorar novas fronteiras e praticar aplicações concretas para a sustentabilidade. Nesta busca elas tecem uma filosofia de harmonia e paixão, sonho e visão, de terra e cosmo, de tecnologia e espírito, de educação e ativismo, de dança e canto, de ciclo e equilíbrio, de morte e renovação. Ecovilas, em síntese, honram, restauram e celebram os quatro elementos e seus processos interconectados na Natureza e nas pessoas.
Segundo a Global Ecovillage Network (GEN) “Ecovilas são comunidades rurais ou urbanas de pessoas, que buscam integrar um ambiente social assegurador de um estilo de vida de baixo impacto ecológico. Para atingir este objetivo, as ecovilas integram vários aspectos do projeto ecológico, permacultura, construções de baixo impacto, produção verde, energia alternativa, práticas de fortalecimento de comunidade e muito mais”. Abaixo links das ecovilas, centros de permacultura, coletivos e redes sociais correlacionadas, no Brasil e no mundo: