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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fabricantes de sacolas "verdes" reduzem custos e brigam por mercado milionário

Sacolas biodegradáveis mais baratas abrem espaço para supermercadistas terem lucro com fim da distribuição gratuíta em São Paulo a partir desta quarta.

Foto: AE Ampliar

Cerca de 5,2 bilhões de sacolas plásticas são distribuídas em São Paulo todos os anos. Os fabricantes de sacolas plásticas andam vivendo dias de aparente indecisão. De um lado, gritam quase em uníssono pela voz de sua entidade de classe – a Abief – que o acordo entre os supermercados e o Estado de São Paulo é apenas um engodo à população, que tem como objetivo verdadeiro melhorar a imagem do governo e encher ainda mais os bolsos das grandes empresas que dominam o setor. Do outro, de forma bem mais silenciosa, essas mesmas empresas travam uma batalha para conquistar um mercado que promete ser crescente e lucrativo: o das sacolas plásticas biodegradáveis, eleitas por essas mesmas empresas como as inimigas número um do setor.


Feitas à imagem e à semelhança das sacolinhas tradicionais, as biodegradáveis, ou compostáveis, levam fibra natural em sua composição, em geral uma resina de amido de milho, o que lhe garantiria características menos poluentes. Pelo acordo entre a Associação Paulista dos Supermercados, a Apas, e o governo de São Paulo, elas serão as substitutas das sacolinhas tradicionais. Mas com a grande diferença de que serão cobradas pelos supermercados, e não distribuídas gratuitamente. O valor já está até definido: vai variar entre R$ 0,19 a R$ 0,25. “Será o preço de custo, até recomendamos os supermercados a colocar o valor da nota na parede”, diz João Carlos Galassi, presidente da APAS.

Essa é a promessa. Na prática, no entanto, pouca gente crê que as grandes redes varejistas irão abrir mão da possibilidade de ter lucro com a venda das sacolinhas biodegradáveis. E é por isso que a indústria de embalagens flexíveis anda tão alvoroçada nessas últimas semanas. Quase todas as grandes empresas do setor – algumas chegam a fabricar 300 milhões de sacolas tradicionais por mês – já iniciaram a produção das biodegradáveis. Apesar de praticamente nenhuma delas tocar no assunto de forma pública, todas estão correndo para reduzir os custos a fim de oferecer melhor preço aos supermercadistas. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis (Abief), Alfredo Schmitt, chega a afirmar que o custo dessas sacolas será de apenas R$ 0,07, apesar de poucas empresas que fazem parte da associação que ele preside concordarem com esse valor.

Não há dúvida de que as sacolas plásticas contribuem de forma aguda para a degradação do meio ambiente e para a piora do bem estar dos moradores das grandes metrópoles brasileiras. As chuvas que transformam São Paulo em uma Veneza de mau gosto  no fim das tardes de verão são prova irrefutáveis disso. Mas não há dúvida também de que essas mesmas sacolinhas fazem parte de um negócio milionário. A estimativa é de 5,2 bilhões delas sejam distribuídas gratuitamente todos os anos apenas no estado de São Paulo. Os supermercados pagam em média R$ 0,03, o que gera um gasto anual apenas em São Paulo de R$ 150 milhões.

Com o preço praticamente tabelado pelo acordo entre a Apas e o governo de São Paulo, abre-se espaço para que as redes varejistas lucrem de forma substancial com a venda das sacolas briodegradáveis, caso encontrem quem a fabrique por menos de R$ 0,19. O que não é nada difícil. A Macropolastic, por exemplo, já o faz. Uma das grandes do setor – produz 150 milhões de sacolas plásticas tradicionais por mês – a empresa com sede em Curitiba oferece as biodegradáveis por preços que variam de R$ 0,13 a R$ 0,15, a depender do acabamento da sacola, como a impressão. “Para mim não vai mudar nada, porque o valor agregado é maior nessa sacola”, diz Valdir Amorim, gerente comercial da Macroplastic. “Mas está muito claro que eles vão lucrar com a venda delas, principalmente se seguirem a tabela da Apas”, diz ele, que já tem encomenda para produzir 20 milhões de sacolas biodegradáveis por mês.

Valdir e a Macroplastic são uma exceção no mercado. Quase nenhuma empresa do setor fala publicamente sobre o assunto, seja por não querer se indispor com a Abief, que se coloca radicalmente contra as tais sacolinhas biodegradáveis, ou para não contradizer a Apas em relação ao preço mínimo da sacola. “Não adianta, ninguém vai se pronunciar sobre o preço que está oferecendo a biodegradável, esse é um assunto tabu, mas é raro quem esteja vendendo a R$ 0,19, em geral é menos”, diz a executiva de uma empresa do setor, que, por razões óbvias, prefere se manter no anonimato. Sua empresa, por exemplo, vende as biodegradáveis a R$ 0,16 a unidade caso o pedido seja superior a 1 milhão de sacolinhas.

O valor mínimo determinado como aceitável pela Apas é outro ponto polêmico. A entidade baseou-se na experiência de apenas uma empresa para chegar aos R$ 0,19. Trata-se de Extrusa-Pack, uma empresa com sede em São Paulo e que tem como clientes os principais supermercados de São Paulo. “Não buscamos outras empresas porque essas sacolas nunca foram nosso ponto principal, tínhamos outras coisas a discutir e não tivemos tempo para fazer um levantamento mais amplo”, diz Galassi, o presidente da Apas. De acordo com ele, a Extrusa-Pack foi escolhida porque tinha “certificados internacionais” provando que sua sacola era de boa qualidade. “Mas isso é detalhe, nosso objetivo não é vender sacolas, na verdade, queremos que o consumidor não use nem mesmo as biodegradáveis”, diz ele.

A partir de quarta-feira será possível saber que caminho, de fato, esse setor irá seguir. Para todos os envolvidos na questão, o resultado do acordo entre os supermercados paulistas ainda é uma incógnita, que só será respondida pelo consumidor.

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